Breno Silveira empaca na fórmula de 2 Filhos de Francisco
![Gonzaga, de Pai para Filho](http://omelete.uol.com.br/static/uploads/conteudo/fotos/gonzaga.jpg)
Desta vez são as vidas de Luiz Gonzaga, o rei do Baião, e
Gonzaguinha, compositor que desafiou a ditadura na década de 70, o foco
do roteiro de Patrícia Andrade (parceira do diretor em 2 Filhos de Francisco, Era Uma Vez... e À Beira do Caminho).
Um encontro de gerações no sertão pernambucano forja a estrutura
narrativa do filme - o pai conta sua história ao filho em uma tentativa
de superar divergências.
"Eu penei, mas aqui cheguei"
![gonzaga](http://omelete.uol.com.br/static/uploads/conteudo/fotos/gonzaga6.jpg)
![gonzaga](http://omelete.uol.com.br/static/uploads/conteudo/fotos/gonzaga4.jpg)
![gonzaga](http://omelete.uol.com.br/static/uploads/conteudo/fotos/gonzaga9.jpg)
O conflito de gerações é acentuado pela presença de seis atores nos
papéis principais, que definem não apenas a passagem do tempo, mas o
ritmo do filme. Intenso e compassado nas conversas entre pai e filho na
década de 80 (Adélio Lima e Júlio Andrade), dinâmico e passional na
narrativa de Gonzaga, da sua juventude em Exu (Land Vieira) à sua vida
adulta (Chambinho do Acordeon) e seus conflitos com o filho (o menino
Alison Santos e o jovem Giancarlo Di Tommaso). A música é cuidadosamente
trabalhada e incorporada à trama pelas interpretações, principalmente
por Andrade e Chambinho do Acordeon.
Apesar da bela fotografia, assinada por Adrian Teijido, capaz de dar
textura à aridez do sertão e fluência à umidade carioca, e da
cuidadosa direção de arte de Cláudio Amaral Peixoto na caracterização
das diferentes épocas retratadas, Gonzaga, de Pai para Filho
não consegue fugir da armadilha novelesca do cinema brasileiro
comercial. Seu didatismo tira a consistência dos dramas vividos pelos
personagens e reduz morte, amor, abandono e humor a caricaturas e
receitas da teledramaturgia. As situações não são idealizadas, mas
comprimidas em um roteiro didático, que explica os sentimentos dos
personagens, mas dificilmente consegue colocá-los em cena.
Luiz Gonzaga e seu filho tem uma bela homenagem no filme de Breno
Silveira, nada mais. A essência da sua história ainda precisa encontrar
uma representação definitiva no cinema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário